Um estudo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) revela que, em 2022, negros tiveram uma taxa de mortalidade por consumo excessivo de álcool 30% maior do que a da população branca.
Segundo Arthur Guerra, presidente do Cisa, ao analisar os dados de mortes por uso de álcool no país é possível verificar que os impactos do uso nocivo do álcool são desiguais para brancos, pretos e pardos, especialmente na população feminina.
A análise indica que em 2022, a população negra apresentou 10,4 mortes totalmente atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes; enquanto a taxa para as pessoas brancas foi de 7,9, ou seja, cerca de 30% superior.
Ser mulher e preta multiplica os riscos associados ao uso nocivo de álcool, com taxas de mortalidade até 3,2 vezes maiores, enquanto as mulheres brancas ficam em 1,4.
Neste recorte, mulheres pardas compõem a maioria das mortes, representando 50,2% do total em 2022. As mulheres brancas, por sua vez, representam 30,7% do total de mortes totalmente atribuíveis ao álcool e as pretas, 16,5% em 2022.
A explicação para essa desigualdade vem de fatores históricos, sociais e econômicos.
“Pessoas pretas encontram-se em situação de maior vulnerabilidade social por diversos fatores, sobretudo o racismo e a pobreza, que dificultam o acesso a uma vida digna, de modo geral, impactando, por exemplo, o acesso a serviços de saúde de qualidade, que são fundamentais para tratar transtornos por uso de álcool”, explica a doutora em sociologia e coordenadora do Cisa, Mariana Thibes.
Jovens adultos são mais afetados por comportamentos de risco, enquanto idosos sofrem mais com doenças crônicas.
Com uma visão ampla, o efeito do álcool é diferente dependendo da faixa etária, enquanto as consequências para os os jovens adultos estão associadas a acidentes de trânsito e violência, as faixas etárias mais velhas são mais impactadas por doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares.
A pandemia da Covid-19 ajudou a intensificar as mortes, com as pessoas em isolamento, em 2021, houve um aumento de 47% na taxa de mortes em comparação com 2010.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Negros são mais afetados por mortes relacionadas ao consumo de álcool no Brasil, diz pesquisa no site CNN Brasil.